Os textos são da minha autoria excepto quando explicitamente mencionado e as imagens são na sua maioria retiradas da internet.

@lexis

14 de agosto de 2010

Química

Sentam-se em dois bancos altos ao balcão do bar e pedem dois drinks. Olham-se longamente olhos nos olhos. Lentamente deslizam os olhos pelo corpo um do outro. Ela saboreia a bebida passando a língua nos lábios. Ele bebe em pequenos goles aflorando com os dedos a perna dela encostada suavemente à sua.


Encaminhados para uma mesa recatada ele desvia-lhe a cadeira e deixa as mãos pousadas nas costas da cadeira de tal forma subtil que a pele de ambos se toca brevemente. Ele senta-se e esboça um sorriso, admirado com o leve corar das faces dela. As suas pernas encontram-se debaixo da mesa e não se afastam. Trocam breves comentários sobre o prato a escolher. Decidem-se por um prato qualquer de peixe e um bom vinho. Sorvem o líquido em pequenos goles sem desviar os olhos um do outro. É como se tudo tenha parado no tempo e só eles existam no meio do restaurante repleto. Penetram um no outro mesmo sem o contacto da pele, apenas como olhar. Trocam olhares profundos sem um pestanejar e a conversa flui em torno de sensações, "déjà vus" e outras quimeras.

Saem para a noite com o estômago confortado e a boca seca de respirar o calor um do outro. Enquanto o carro rola pela estrada deserta, iluminada pela lua ao fundo, o calor aperta e a praia parece ser o local de destino de comum acordo sem nada de premeditado. Enquanto os pés descalços aumentam a distância da estrada e encurtam o caminho para o mar, o contacto físico estreita-se de modo a que apenas a lua na linha do horizonte seja testemunha da reacção química da fusão dos elementos da natureza - o mar ao fundo, a areia sob os pés descalços a brisa que sopra levemente e o fogo que vai sendo consumido pelos dois pela noite dentro.

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