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@lexis

30 de outubro de 2010

"íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço"

Sempre que chego ao limiar da resistência, lembro de um poema em que sinto “Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço…” a tomar conta de mim. E mesmo que este cansaço não seja “sequer de tudo ou de nada” é sinal que é de tudo um pouco. É feito daquelas pequenas coisas que se juntam para uma tempestade em crescendo. É a gota de água prestes a cair no copo que o vai fazer transbordar. É o passo em frente que se dá quando no penhasco se falha o final do caminho. É o não conseguir olhar em frente porque por curto que o caminho seja parecem milhas por percorrer. É erguer de madrugada com o peso do mesmíssimo cansaço impregnado nos ossos. É deixar a água escorrer pelo corpo num duche a um tempo eterno por nos deixar intemporais mas breve porque o relógio não pára. É sentir aquele nó quando se fecha os olhos e se pensa “Ah merda, Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser...” Tudo junto com “Os amores intensos por o suposto alguém” fazem o íssimo que Pessoa coloca na pena de Álvaro e eu sinto como meu múltiplas vezes.


[devaneio em redor do poema de Álvaro de Campos, "O que há em mim é sobretudo cansaço" excertos em itálico, que pode ler na íntegra aqui]

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